30 outubro 2006

SEMELHANÇAS DEMOCRÁTICAS

A decisão que o povo consagrou nas urnas é contundente e não deixa margens à dúvidas quanto ao presidente escolhido. A votação de Lula no segundo turno é incontestável e repete a façanha da reeleição conquistada por seu antecessor Fernando Henrique Cardoso.

O momento é de análise da mensagem que as urnas querem revelar. Alguns analistas explicam a derrota do PSDB através dos erros cometidos pela campanha de Alckmin, enquanto outros procuram destacar o panorama da realidade brasileira, em que amplas massas de brasileiros são alcançados pelas políticas públicas que complementam renda e diminuem a miséria histórica.

A campanha de Lula saiu-se muito bem em demarcar a participação do governo no combate das desigualdades sociais, salientando a importância dos benefícios distribuídos para a sobrevivências das pessoas e das economias locais em inumeráveis rincões do país. A autoria dos programas sociais em curso não estavam em discussão, mas a efetividade deles no cotidiano das pessoas, e esse aspecto foi muito bem capitalizado.

A identificação de Lula com os trabalhadores do país, seu diálogo de fácil entendimento com parábolas e citações da vida real, o tornaram mais próximo das aspirações do povo. Também não se pode desprezar o enraizamento do PT na sociedade, em todas as regiões.

As tentativas dos oposicionistas de marcarem o governo com a marca da corrupção não foram suficientes. O insistente questionamento quanto a origem do dinheiro que compraria o suposto dossiê contra os tucanos esvaziou-se na repetição, ainda que seja considerado legítima, essa indagação.

A situação dúbia do PSDB quanto a questão das privatizações, o apoio mal recebido de Garotinho, no Rio de Janeiro, no segundo turno, e a fragilidade da sua atuação nos governos estaduais, especialmente em São Paulo na questão da segurança, foram determinantes para a escolha de Lula.

Destaque-se ainda que os votos de Lula foram somados aos de Cristóvam Buarque e Heloísa Helena, além dos que migraram do próprio Alckmim, que teve votação inferior ao primeiro turno, o que demonstra o fracasso de sua proposta quando exposta ao confronto direto do segundo turno.

A longo prazo é possível prever um novo arranjo partidário no país, que busque evidenciar as diferenças ideológicas ou pragmáticas dos grupos que disputam o poder. A semelhança de idéias promovidas pelos postulantes ao cargo presidencial ficou nítida nos debates e nos programas veiculados no rádio e televisão.

Carece de originalidade o discurso da quantidade de milhões de reais que cada um emprega em um setor de serviços públicos ou de desenvolvimento regional. Sobre a condução da economia não se conseguiu perceber qualquer alternativa significativa ao atual modelo, o que desmotivou o eleitor a promover uma mudança.

A boa notícia é a afirmação consistente da nossa democracia. Ressalvadas exceções, as eleições comprovaram nossa maturidade republicana. Demonstrações de apreço democrático entre os adversários demonstraram que temos potencial para a construção solidária e generosa de um país melhor.

Um comentário:

  1. Luís

    “Consumatum est. Mais quatro anos de mentiras, roubalheiras, falta de crescimento,viagens no Aerolula, etc, etc, etc. Merecemos. Também a alternativa era péssima.” Estas foram as palavras do meu pai,quando soube da vitória de Lula. Espero que ele esteja errado!

    Um abraço

    Marco Aurélio

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A FORÇA DO POVO