15 maio 2007

RELIGIOSIDADE

Concluída a visita do Papa Bento XVI, podemos dimensionar o papel da religiosidade na formação da identidade contemporânea do povo brasileiro.

País que acolheu uma diversidade de etnias e povos, o Brasil mistura as mais diversas crenças religiosas no seu amplo território, que além de enriquecerem a cultura popular, contribuem na consolidação das idéias, dos valores éticos e da pluralidade ideológica.

O catolicismo tradicional apoiado em uma história republicana menos democrática que a atual firmou-se como a religião oficial. Arejada pelos movimentos populares e sindicais, a Igreja Católica assistiu parte significativa do clero mergulhar na ação histórica e política, participando ativamente de mudanças sociais, sob a inspiração da Teologia da Libertação.

Após uma ressaca de ativismo de esquerda, e alertada pela perda expressiva de fiéis para outras denominações evangélicas e pentecostais, a nova igreja católica aposta em inovações midiáticas moderadas por uma teologia do tipo “volta às origens”, que caracteriza o papado atual.

O modo eclético da sociedade brasileira se relacionar com as religiões contrasta com a tentativa de se impor um dogmatismo excessivo, ao mesmo tempo em que se fragiliza a fidelidade ao culto de origem.

Por outro lado, essa nação repleta de ensinamentos espirituais adota lideranças políticas pouco comprometidas com valores morais, e não podemos desvinculá-las daqueles a quem representam.

Da maioria católica não rotulada por sua opção religiosa, às bancadas evangélicas, uma maioria significativa de nossos políticos aproveitou o desvio dos holofotes de Brasília para a visita do Papa em São Paulo para aprovar aumento salarial aos congressistas, que atingirá também o Executivo, e deve beneficiar também os mandatários das assembléias legislativas e câmaras municipais pelo país.

A sociedade em que vivemos carece de atitudes coerentes com os valores defendidos, com os ensinamentos difundidos, com as crenças adotadas.

A visibilidade obtida pelo líder do catolicismo em sua visita ao Brasil, não garante uma adesão da imensa população que o acolheu aos valores morais e aos princípios éticos por ele defendidos.

Assim como em todas as religiões, os preceitos positivos e edificantes precisam sair das liturgias e doutrinas, para o cotidiano real dos que querem construir melhores dias.

A FORÇA DO POVO