04 abril 2021

A FORÇA DO POVO

Nosso povo é guerreiro, esperançoso e persistente.

Nas adversidades, brilha com o humor possível, digerindo as dificuldades.

Quer ser livre, independente e ter suas próprias crenças.

A falta de estudo ou da qualidade do ensino formal não desestimula.

A afirmação da dignidade dá sentido à caminhada diária.

Supera provas nos transportes públicos, no domínio dos traficantes, na desídia dos governantes.

O nosso povo não cogita depender dos governos, mas recebe com apreço qualquer fatia daquilo que tem direito.

Quer receber pelo seu trabalho, quer crescer honestamente.

O sistema sonha com sua dependência passiva, para manter as estruturas corporativas.

Mas o povo evita, quer sua autonomia, andar de cabeça erguida.

Se lhe tolhem os braços, resistem.

Se lhes calam as vozes, digitam.

Se lhes cortam os meios, inventam e inspiram mudanças.

Não está escrito nas teses de mestrado ou doutorado.

Não está nos versos dos artistas consagrados.

Sua força está na integridade profunda, que inspira o futuro a cada dia.

Não se surpreendam com o nosso povo.

21 março 2021

SANEAMENTO BÁSICO

 

Uma pesquisa breve pelo SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) e pelo Painel do Saneamento (do Instituto Trata Brasil) nos revela o histórico descaso governamental sobre o tema.

Uma das informações apresentadas é o número de municípios sem delegação (que estavam com contratos vencidos ou inexistentes) para o tratamento de esgotos. São 182 cidades no Brasil, só na Bahia são 53.

Em termos de população sem coleta de esgoto, o Brasil tem uma carência média de 47%. Entre três estados importantes, uma grande discrepância: SP (10%), RJ (34%) e o RS (68%).

Segundo o IBGE (https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2020/03/27/pula-no-esgoto-e-nada-acontece-brasil-tem-mais-de-300-mil-internacoes-por-ano-por-doencas-causadas-por-falta-de-saneamento.htm), o Brasil teve só em 2016 mais de 346 mil internações hospitalares causadas por falta ou inadequação do saneamento.

Para quem se interessar no assunto, existem muitos dados públicos e disponíveis nos endereços abaixo:

https://www.painelsaneamento.org.br/

http://www.snis.gov.br/diagnosticos

A carência de saneamento básico é a maior tragédia ambiental brasileira, origem da proliferação de doenças, de sobrecarga no sistema de saúde e de níveis vergonhosos de mortalidade infantil.

 

DEMOCRACIA

 

Você defende a liberdade de expressão?

Ou debocha quando a liberdade de expressão dos adversários é cerceada?

Você se importa com a morte de todos os líderes políticos?

Ou faz piada, quando a morte chega para representantes de outras correntes políticas?

Você é a favor de salvar vidas?

Ou apenas se a sobrevivência das pessoas atender a narrativa da sua corrente política?

Você defende a liberdade, e é contra o fascismo e o autoritarismo?

Ou apenas para sua classe social, pois você se omite diante da ditadura de narcotraficantes fortemente armados nas periferias brasileiras, que oprimem milhões de pessoas sob lei do silencio e toque de recolher?

Você realmente é a favor da democracia?

Ou um apenas quando a democracia lhe é conveniente?

20 março 2021

LIÇOES DE MARÇO

 

Nosso país vive um dos piores momentos da pandemia do COVID-19.

As veias abertas do nosso terceiro mundismo expuseram nossas deficiências educacionais, culturais, estruturais e governamentais.

Criamos expectativas de que, na crise, teríamos lideranças e instituições capazes de patrocinar um movimento sinérgico em nome da vida.

Nossas decepções e contrariedades, serviram de álibi para aprofundarmos divergências e escancararmos oportunismos e hipocrisias inúteis.

O momento é de atitudes com inspirações exclusivamente humanas e solidárias.

Nossa dignidade como sociedade precisa ser aperfeiçoada, para nos tornarmos merecedores de um futuro promissor.

A vida é o bem maior, e por ela, todos devemos nos empenhar, da melhor maneira que cada um possa contribuir.

Informações se multiplicam. Os exemplos estão bem do nosso lado.

Como diria Beto Guedes: “A lição nós sabemos de cor, só nos resta aprender”.

19 março 2021

SAÚDE PELO RALO

Assusta a todos a notícia de que as verbas públicas que são destinadas à saúde escoam pelo ralo da corrupção, da ineficiência e das fraudes contra o Estado.

Não que sejam surpreendentes. São comuns essas notícias.

O que intriga é a morosidade em corrigir, a desesperança em acionar judicialmente, a vergonha diante dos que padecem e morrem nas filas dos hospitais.
 
É preciso mais que voto para mudar a saúde, a educação, a segurança, a gestão da coisa pública.

É preciso participar, colaborar, comprometer-se individual e coletivamente.

(Escrito em 25/09/2012)


O DIREITO DE NÃO VOTAR

Diante da escassez de alternativas e das costumeiras polarizações dos segundos turnos eleitorais, a abstenção e o voto nulo costumam aparecer como válvula de escape.

Eleitores ressentidos por terem sido derrotados ou apáticos diante da pobreza de alternativas ficam diante de uma incógnita: fazer uma escolha que não agrada ou eximir-se de compromisso com a vitória dos grupos que chegam ao poder.

Existem argumentos para ambas as escolhas, e como sempre, não faltam aqueles que demonizam a opção desses eleitores.

Não julgo opiniões alheias. Entendo que é possível que as pessoas se sintam mal para fazer uma escolha entre dois candidatos apenas. Sobretudo, quando ambos simbolizam antecedentes tão desabonadores e pressupõem um voto de confiança num cenário de governo totalmente imprevisível.

Não se apresse, tenha calma. Se decidir não votar, deve ser compreendido, como quem escolhe um partido, um candidato ou um grupo político.

A democracia é assim. Cada um pode fazer as suas escolhas.

Em tempo: não estou defendendo que as pessoas anulem o voto, mas que respeito muito quem tomar essa decisão. 

(Escrito em 23/10/2018)

CAPACIDADE DE PENSAR

Já faz algum tempo que as “versões” são muito mais entusiasticamente difundidas do que os fatos reais.

Ao sabor das conveniências, as torcidas que se engalfinham nas redes sociais, escolhem se querem atacar ou defender princípios, valores ou instituições.

Aquilo que é inaceitável num momento pode ser adotado como estratégia de popularidade em outro.

A propagação repetitiva de narrativas que contradizem o senso comum, a elaboração de extravagantes teorias conspiratórias, as manifestações em momentos alternados, ora de força e ora de vitimização, são praticadas frequentemente pelas militâncias em busca de posicionamento no jogo do poder.

Os dirigentes que conduzem esses movimentos coletivos, não se envergonham em oferecer conteúdos sob medida para alimentar ódios e semear uma parcialidade insensível e irracional.

Tomara que, após a ressaca eleitoral, voltemos a dialogar de modo construtivo, produzindo novos conhecimentos e pontos de vista.

Já passamos da hora de sair das bolhas, para um diálogo a altura das possibilidades humanas: a capacidade de pensar, com tolerância e independência, respeitando e aprendendo com as opiniões dos outros.

(Escrito em 20/12/2018)

A FORÇA DO POVO