02 novembro 2010

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS 2010 - OS CANDIDATOS

O resultado da eleição presidencial é a soma de um conjunto de circunstâncias que os cientistas políticos devem esmiuçar com afinco, procurando compreender os recados que os eleitores deixaram nas urnas.
 
As candidaturas mais importantes têm origem em decisões estreitas, tomadas sob a influencias de crises significativas nas relações políticas.
 
O fenômeno Marina Silva, que se constituiu em uma terceira força expressiva e carregada de idéias ambientais contemporâneas, emergiu da crise operacional do governo, ante o impasse de implementar obras de grande impacto econômico e, ao mesmo tempo, atender aos compromissos com a sustentabilidade social e ambiental.
 
Serra, acumulou fardos difíceis de serem carregados: para ser o candidato de seu partido precisou alijar da disputa Aécio Neves, um governador com grande popularidade no segundo maior colégio eleitoral do país; os partidos de oposição não conseguiram apresentar nenhum projeto diferenciado, chegando à esquizofrenia de misturar a defesa da continuidade dos programas do governo Lula, ao mesmo tempo em que silenciaram sobre o desempenho dos governos do PSDB com Fernando Henrique Cardoso.

A própria presidente eleita Dilma Roussef foi alçada a condição de candidata da situação após uma tempestade de denuncias e escândalos que envolveram os principais lideres do PT histórico. Esses acontecimentos forçaram o presidente Lula a utilizar toda sua criatividade e prestigio político, dando luminosidade a uma personalidade política de solidez democrática e administrativa, porem, sem popularidade, nem carisma.
 
Além de Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Sergio Cabral e Tarso Genro, são alguns dos nomes que poderão voltar a cena, para a escolha dos candidatos em 2014.
 
Espera-se, por seus próprios méritos, pela envergadura de suas atuações, pela riqueza de currículos, e não como representantes de uma política formulada em jogadas de bastidores, e de poucos atrativos, como vimos nas ultimas eleições.

14 setembro 2010

FONES DE OUVIDO

Os fones de ouvido são discretos, não tem muito espaço na mídia, sua fórmula de fabricação não parece ter sido alvo de grandes transformações nos últimos anos – pelo menos para um leigo.

Num tempo de tantos recursos eletrônicos, associados com equipamentos de informática e comunicação de última geração, que importância daríamos àquele “fiozinho” que termina em um ou dois minúsculos alto falantes, que encaixamos no ouvido?

Na verdade, eles dizem muito sobre a nossa civilidade atual. Ou você nunca teve que bater no ombro de um filho, para pedir atenção, enquanto ele, distraído, ouvia sua música particular? E o morador do prédio, que já entra no elevador ouvindo música, deixando pra lá os cordiais cumprimentos ao seus vizinhos?

Vivemos em um paradoxo colossal: estamos tanto mais interligados mundialmente que não queremos mais conversa com nosso vizinho.

Na nossa abstração tecnológica, o mundo está em nossas mãos, mas não precisamos nos importar com ele. Buscamos na rede o que nos interessa, falamos para muitos e ouvimos ninguém, exploramos recursos infinitos sem que nos peçam qualquer contribuição. Tudo ali ao nosso alcance.

Tudo? Claro que nasci na geração que não acha que o mundo virtual é tudo, mas é bem provável que os novos ocupantes do planeta gradativamente passem a pensar assim.

Ainda preciso conversar com o vizinho, com o porteiro do prédio, dar bom dia aos colegas quando chego no trabalho, enfim, ainda não me retirei para minha bolha virtual.

Sei que algumas pessoas não gostam de muita conversa, mas muitas precisam ser ouvidas. Para mim, é óbvio que se cada um se retirar para sua sessão particular de música, todos os objetivos da humanidade sucumbem em questão de horas.

Mas mesmo assim, vou procurar me harmonizar com os fones de ouvido. Eles não existem para nos separar, não é mesmo?

15 agosto 2010

CICLOS

A superação de obstáculos é uma parte de uma jornada maior, que teve um inicio e terá uma linha de chegada, nunca como fim, mas como seqüência para outra etapa.

Acontece com os rios, com as plantas, com os animais, com as pessoas, com o planeta.

As crianças nascem chorando, lutam para sobreviver num mundo sem a proteção do útero materno, enquanto aprendem a lidar com as coisas e as pessoas que o cercam.

A adolescência marca a passagem de uma experiência familiar e de expressão individual para uma convivência social adulta, em que as palavras têm que ser medidas, os gestos devem ser pensados, os caminhos precisam ser planejados.

Superadas as fases de transição, o novo traz uma perturbação singela sobre o que fazer diante do mundo que foi descortinado após o novo ângulo de visão.

É nesse momento que os indivíduos fazem escolhas, adotam atitudes, decidem caminhos.

A melhor preparação para o momento de escolher, é viver bem em cada etapa, com a intensidade de quem quer aprender, e com a tranqüilidade de quem sabe que algo novo sempre está por vir, se não interrompermos o ciclo natural da vida.

Não há motivos para nos agarrarmos ao estado atual. Não é inteligente deixarmos tudo para depois. O presente é o nosso palco.

Lamentar o que passou não leva a nenhum lugar. É aqui e agora que podemos aprender e compartilhar, preparando cada momento novo. Em cada dia, somos chamados a repetir o ciclo da generosidade e da esperança, para almejarmos dias melhores.

09 julho 2010

O CASO BRUNO

A exploração maciça e detalhada pela mídia do assassinato da modelo Elisa Samudio é suficientemente rica para vislumbrarmos os detalhes novelescos e macabros que envolveram essa tragédia.

No centro dessa trama perversa estão elementos reveladores das perturbadoras deficiências ocultas da nossa sociedade, essas sim, dignas de nossa reflexão.

Num país em que a carreira de jogador de futebol é a aspiração de pais e filhos a uma vida de altos salários e prazeres sociais, a educação formal e a solidez de caráter são comumente deixados de lado. Semelhante é o caminho trilhado por muitas das meninas que se aventuram em busca de conforto e dignidade, na carreira de modelo.

Tais posturas são facilmente adotadas, quando as alternativas disponíveis são as permanentes pressões dos traficantes de drogas cooptando meninos para atividades ilícitas com recompensas sedutoras, ou a via da educação formal e do trabalho duro, bem menos atraente.

Descolando-se materialmente das suas realidades de origem, jogadores, modelos e outros heróis emergentes absorvem as piores lições daqueles que ora os incensam, ora os desprezam, segundo interesses fúteis e imediatos.

Detestável e irrelevante abordar o fascínio dos jovens das periferias pelas facilidades e imagens de poder despertadas pelos criminosos nas comunidades, e as inevitáveis relações amistosas existentes na convivência local, desde a infância.

Frustrante como nação é percebermos que as instituições mais importantes, sobretudo a escola, são insuficientes contra a dilapidação das mentes e a banalização dos valores que ocorre através das mídias, das artes, do ilícito e do chamado comunitário.

A simbiose desses vazios culturais conflitantes vai corroendo a convivência social, diminuindo a capacidade de intervenção do estado e desestruturando famílias por toda a sociedade.

Como sempre, nessas ocorrências nefastas e perturbadoras para o jantar na frente da TV, aparecerão os críticos dos salários dos jogadores, da falta de punição para menores criminosos, da necessidade de leis mais duras, entre outras.

O tempo apaga as urgências de hoje e cria novos entretenimentos. A hora é de aproveitar a oportunidade de reflexão sobre nossas deficiências, como pessoas civilizadas e como sociedade, ao invés de esperarmos para nos fingirmos surpresos, na próxima tragédia.

20 junho 2010

A ERA DUNGA

A crônica jornalística viu poucas vezes na história recente um personagem tão rico em estereótipos e motivos para inspirar um texto.

 
Pejorativamente falando, tínhamos o presidente Fernando Collor e sua ministra – como é mesmo o nome...? – Zélia, no início da década de 90. Rendiam bons textos, sobre como apunhalar um povo inteiro, e fazer isso parecer normal.

 
Outro líder político – se é que podemos chamá-lo assim – que sempre arregimentou cargas de adjetivos de segunda classe foi Bush, o presidente americano que deu de ombros para a paz mundial, e fez as famílias americanas reviverem os dramas de guerra, que não viviam desde o Vietnam...

 
Atualmente, para nós, o personagem de todas as crônicas é Dunga. Não só de todas as crônicas, mas de todas as conversas de bar, de elevador, de padaria, de corredor do escritório, de motorista de táxi.

 
Nem ele, nem psicólogo algum, consegue explicar o motivo de tão intensa e permanente acidez. Tudo bem, ser técnico da seleção brasileira é uma responsabilidade enorme, todo mundo dá palpites, a mídia ao redor o tempo todo, o Brasil sempre entra com obrigações de vencer, tudo isso é verdade.

 
Mas o Dunga não sabia disso, ao assumir a seleção canarinho?

 
Sabia, e ao que parece adorou a idéia. Ele aproveita muito bem a oportunidade de destilar o seu mau humor em cada entrevista, em cada treino, em cada jogo. E o que motiva esse comportamento:

 
Revanche por ter sido injustamente responsabilizado pelo fracasso da copa de 90 como a “era Dunga”?

 
Sarcasmo por ocupar uma posição onde tantos treinadores competentes e experientes mereceriam estar, e mostrar bons resultados?

Deboche diante da impaciência do torcedor e dos jornalistas com a mediocridade do futebol que ele coloca em prática?

 
Ganhando ou perdendo, sendo campeões ou voltando antecipadamente para o Brasil, nunca iremos entender claramente o que torna um ser humano tão vitorioso, com carreira profissional de sucesso, de caráter respeitado, num verdadeiro Dunga, que de agora em diante significa mal humorado, rancoroso, ácido.

 
Mas de uma coisa sabemos: Dunga é a inspiração permanente para textos irônicos, cronistas atentos e receitas de como não se comportar diante dos outros.
 

01 maio 2010

VALORES E CONSUMO


Se você olhar para fora de você mesmo, irá encontrar uma interminável oferta de distrações, futilidades e guloseimas que lhe transmitirão a doce ilusão de que tudo se resolve num passe de mágica, ou como se saborear um pedaço de chocolate – verdade que é saboroso – tornasse a vida mais completa e significativa.

Nunca é demais lembrar que o sistema em que vivemos alimenta-se de consumo, e produção, para mais consumo. Tornar-se parte dessa sociedade é consumir – porque e para que ainda não sabemos bem...

Estou longe de ser um rebelde anti-capitalista ou um defensor da vida monástica, mas não posso ignorar que estamos nos afastando das mínimas reflexões que nos tornam diferencialmente humanos.
Comportamento ético, solidariedade, educação e formação do caráter das crianças, e até responsabilidade ambiental – que é a última moda em exposição aos holofotes – vão sendo postas em segundo plano, sob o poder de uma "religião" do consumo, da freqüência aos shoppings, da imediatização das novas tecnologias, da infindável busca de se identificar com a originalidade, que nada mais é do que uma repetitiva formavel busca de se identificar com a originalidade, rendendo-se a padronização do comportamento coletivo.

Experimentemos olhar um pouco para o interior de nós mesmos, onde a moda e a quantidade de objetos que temos não tem nenhum valor. É aí que encontramos a verdadeira identidade, e de onde podemos extrair o melhor, para nós mesmos e para os que nos cercam.

12 fevereiro 2010

O PAPEL PROFISSIONAL

A complexidade do ser humano, especialmente para nós, leigos, é formada por uma misteriosa e diversa quantidade de conceitos, teses, pesquisas de campo e argumentações teóricas.

Quando o assunto é o nosso papel profissional, as atitudes e os comportamentos que nos acrescentam ou nos destroem, o que vemos é uma grande quantidade de “gurus” capazes de promover entusiasmos aparentes, suscitando a falsa idéia de que palavras mágicas respondem nossas indagações profundas.

A difícil formulação de alternativas para as complicadas relações que se estabelecem no meio corporativo remete o enfrentamento das dificuldades para além das iniciativas eventuais, do empirismo utilitário, das convenções empresariais.

Na verdade, o centro irradiador de um ambiente menos hostil e mais prazeroso nas relações familiares, sociais, de negócios, é o próprio ser humano.

E o ser humano capaz de liderar pessoas, irradiar solidariedade e inspirar sonhos, precisa ser formado nas suas concepções mais íntimas, ser informado das suas limitações exteriores, e persistentemente buscar descobrir a si mesmo e seu papel nessas interações.

A possibilidade de aprofundamento do papel do homem na sociedade e dos desafios impostos pela sua atuação define o grau de habilidades e dificuldades que será encontrado. O balanceamento desses fatores é a fonte do stress contemporâneo.

Ser líder nos dias de hoje requer coragem, humildade, empatia e integridade. Coragem para agir, humildade para reconhecer falhas, empatia para aceitar o outro, e integridade para viver a própria essência.

Por tudo isso, ler “Terapia do Papel Profissional” de Paulo Gaudêncio, é mais do que uma leitura em busca de novos conhecimentos, mas um exercício de reflexão interior, de afirmação pessoal.

As nossas atitudes básicas em relação a vida e aos outros pavimentam nossa saúde mental, psicológica e física. Os valores que norteiam nossos caminhos podem definir a grandeza das nossas relações com as pessoas e o meio ambiente.

Conhecermos a nós mesmos. Desenvolvermos nossas habilidades. Compreendermos nossos semelhantes. Um bom aprendizado para nossa experiência humana e nosso desempenho profissional.

17 janeiro 2010

O DESAFIO DA VIDA

A vida por um fio. A vida num segundo. A luta pela vida. Só os fortes sobrevivem. Viver é uma grande aventura. Viver, e não ter a vergonha de ser feliz. Viver a vida...

Para uns, a vida é uma alegria, um prazer. Para outros, um grande desafio. Para os que gozam os bons momentos da vida, e a levam leve, a vida é rica, numerosa. Para os outros, um fio de vida pode ter grandes e diferentes significados.

Um minuto pode ser o tempo para escapar de um desabamento, o suficiente para não ser atingido por escombros. Um segundo, pode ser o instante exato para evitar uma colisão num automóvel ou para não ser atropelado.

O tempo para se ganhar ou perder a vida não é previsível. O desafio de viver, entretanto, é constante. De algum modo, todos buscam dar um significado a vida, preenche-la com algo mais, do que o ar que respiramos.

Em tempos de catástrofes significativas, pensamos nos instantes, nas horas, nos dias em que tantos lutaram por suas vidas, e tantos outros, ajudam a salvar vidas. Alguns esperam bravamente por socorro, outros acreditam resolutamente no salvamento, todos querem viver.

Para cada um de nós, a vida é um grande desafio. Ganhar a vida, sustentar a família, vencer as dificuldades, superar os próprios limites, enfrentar os obstáculos, ultrapassar as barreiras.

Vencer na vida pode ser encontrar um emprego, ou alimentar os filhos, ou sobreviver ao terremoto ou ser encontrado em meio aos escombros.

A vitória de cada um pode ser comemorada alegremente, melhor ainda se estivermos ao lado da vitória dos outros. Para muitos, a vitória que almejam é muito pouco comparado ao que já temos, mas é muito mais significativa do que qualquer de nossos esforços, é a vitória da vida sobre a morte. Que cada um de nós façamos a nossa parte no grande desafio da vida.

01 janeiro 2010

ANO NOVO, ATITUDES NOVAS

Faz muito tempo, o país não iniciava um ano novo com tantas expectativas positivas, irradiando alegrias alvissareiras e esperanças espraiadas.

São justificadas as crenças no crescimento contínuo das oportunidades de trabalho, das possibilidades de consumo, das condições mais elementares para uma vida digna e segura.

O Brasil enfrentou a crise econômica mundial com intervenções adequadas e tempestivas, e se o que vivemos não foi uma “marolinha”, também é verdade que poderíamos ter sofrido conseqüências bem piores.

O ano de 2010 se inicia com uma agenda eleitoral complexa, tendo o cargo de presidente da república como vedete de uma disputa recheada de debates repetitivos, porém possivelmente reinventados pelo efeito Marina Silva, que colocará em pauta o tema ambiental.

No meio do ano teremos a Copa do Mundo da África do Sul, a última antes da nossa, em 2014. É tempo de os organizadores aproveitarem a última chance de acompanhar experiências do outros, evitar erros e se anteciparem na preparação competente.

Ademais, como sempre, continuaremos a conviver com as nossas mazelas, já conhecidas e nem sempre confrontadas com o vigor necessário:

a impunidade que favorece políticos e elites, que se utilizam de meios jurídicos infindáveis para proteger seus crimes;

as precárias condições das periferias das regiões metropolitanas, expostas ao medo e destruição a cada chuva mais intensa;

as repetidas chacotas que fazemos das empobrecidas redações dos vestibulandos nos concursos federais, que nos mostram a clara deficiência educacional que precisamos transpor para concretizarmos nosso desenvolvimento;

a lamentável constatação de que multiplicamos e universalizamos a oferta de procedimentos estéticos, obviamente lucrativos, enquanto a espera dos doentes nos hospitais e a falta de condições para o atendimento das populações que não podem dispor de convênios caros, denunciam o descaso da sociedade e dos governantes em relação a saúde pública.

O momento é de transformarmos expectativas em ações concretas, de usufruirmos de um ambiente favorável sem nos esquecermos do que falta ser feito.

Passados os tradicionais festejos da virada, brindemos o novo ano com uma atitude nova, com uma visão ampliada da nossa realidade, e uma alegria solidária, que irradie otimismo e compromisso com uma sociedade melhor.

A FORÇA DO POVO