25 outubro 2006

O TERCEIRO TURNO


Surgem aos poucos na mídia algumas infelizes declarações verbalizadas por opositores ao governo atual, às vésperas de uma prognosticada derrota eleitoral, mantidas as tendências das pesquisas de opinião realizadas pelos institutos mais importantes.

Promete-se acalorar o cenário pós-eleitoral com uma orquestrada pressão judicial, com o intuito de invalidar o pleito, deslegitimar o provável eleito, cassar o mandatário proclamado pelas urnas, sob o argumento de crime eleitoral, fundamentado nas imoralidades cometidas na malsucedida compra de um suposto dossiê que prejudicaria a candidatura oposicionista.

É verdade que os fatos que circundaram o ato desonesto ainda não estão devidamente esclarecidos, tomam tempo e esforços da Polícia Federal que esmera-se em desvendá-lo - bom que se diga - trata-se de instituição imparcial e competente para tal.

Confirmadas as suposições de que o dinheiro para a aquisição dos documentos arranjados para a aniquilação da candidatura de oposição têm origem ilegal - o que por si só estabelece a irregularidade na campanha eleitoral - resta a investigação sobre a origem e o conteúdo das denúncias existentes que até o momento não foram divulgadas.

Por ora, a candidatura oposicionista não foi incomodada com as pretensas informações adquiridas a peso de ouro, não tendo elas, portanto, qualquer influência na avaliação negativa do eleitorado ao presidenciável virtualmente derrotado.

Espera-se, a título de curiosidade gerada pelo impacto que o tal dossiê obteve na mídia, que saibamos num futuro próximo o que essas acusações amealhadas com fim destrutivo tem de verdadeiras, o quanto elas poderiam ter contribuído para uma percepção mais nítida das candidaturas em disputa.

Ainda assim, carece de espírito democrático essa atitude ameaçadora, que busca levar ao “tapetão” (expressão conhecida no mundo do futebol, quando se busca alterar resultados obtidos em campo pela via do Tribunal Desportivo) a decisão que democraticamente a população tomará no próximo domingo.

Punam-se os culpados, responsabilize-se os autores, erradiquem-se da sociedade as imoralidades, desmascarem-se as mentiras, mas não se promova um terceiro turno a partir do desconforto dos eventuais perdedores.

O país não gira ao redor do cargo presidencial e os esforços dos que querem o bem público devem ser direcionados a organização política, ao crescimento, ao bem estar social, aos enormes desafios que enfrentamos para assegurar dignidade mínima à maioria da população brasileira.

Um terceiro turno não fará nenhum bem, ao contrário, estenderá a derrota a todos os brasileiros, que continuarão assistindo um combate infrutífero, alimentado pela obsessiva paixão dos partidos dominantes pelo poder, expondo ainda mais à sociedade a carência de integridade dos que almejam governar.



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