08 março 2011

O CARNAVAL DOS CICLISTAS


As manifestações que se espalharam pelo mundo afora, após o atropelamento de vários ciclistas em Porto Alegre podem ser o toque que faltava para uma evolução no debate da questão atualíssima da mobilidade urbana.

No planeta inteiro, pedestres e veículos de todos os portes convivem em condições desiguais, e provocam dores de cabeça freqüentes nos governantes locais, que tem posturas muito controversas para tentar resolver ou amenizar os problemas latentes.

Isoladas ou mistas, são muitas as iniciativas adotadas em prol da harmonia dos atores que se movimentam nas cidades: expansão de trens e metrôs, oferecimento de transporte público com maior conforto, cobrança de pedágios em zonas centrais, construção de passarelas e ciclovias, recuperação de calçadões, estabelecimento de rodízios para uso do veículo particular, entre outras.

No Brasil, a resposta do governo à crise econômica que se alastrou nos países desenvolvidos nos últimos anos, foi o incentivo à produção e universalização do carro novo, estratégia de sucesso acompanhada da expansão do crédito, que aqueceu o consumo e gerou empregos a partir das montadoras e das demais empresas que acompanham o desempenho da indústria automobilística.

O crescimento geométrico do numero de automóveis nas estradas e avenidas aprofundou a crise do transito nas grandes cidades e esgotou a já deteriorada malha rodoviária existente.

A complexidade do desafio a ser enfrentado está na concepção de que há um espaço público a ser ocupado, e que nele devem se movimentar as pessoas, independentemente da condição ou da opção de utilizar um veículo para isso.

Ao “colocarem o bloco na rua” os ciclistas alertam para a necessidade de um enfoque mais humano nas decisões que afetam o desenvolvimento e a mobilidade urbana.

Os pedestres se associam ao “samba enredo” dos usuários das “magrelas”, pedindo mais consideração e respeito pelos que trafegam motorizados e pelos que definem as políticas publicas.

Que o movimento de retorno do carnaval, traga uma “evolução” esperançosa para o debate, precursora de uma “harmonia” nas ruas das cidades, digna de uma civilidade saudável para todos.


A FORÇA DO POVO