12 março 2008

COLAPSO VIÁRIO

O colapso eminente do sistema viário de São Paulo simboliza o que existe de mais perverso em matéria de deterioração da mobilidade urbana e o problema precisa ser enfrentado com competência técnica e gestão governamental eficaz.

A lógica da metrópole que emana poder econômico, que concentra aglomerados populacionais e que respira agressividade ao meio ambiente sucumbe a cada dia.

Os números alarmantes dos rotineiros congestionamentos a que estão expostos mentes e pulmões de milhares de pessoas soam como um hino diário à insuficiência da gestão pública diante da grandeza das dificuldades que precisam ser superadas.

Teóricos de soluções rápidas não são bem-vindos ao debate urgente que toda a coletividade precisa fazer e que deve incluir não só a imolação contundente das responsabilidades alheias, mas também a coragem das nossas contribuições generosas.

Discrepâncias de fluxos mal estruturados que privilegiam os veículos individuais e atormentam os usuários dos meios de transporte coletivos divergem das intenções bem formuladas dos planejadores governamentais em seus programas quadrienais.

Hábitos individualistas de locomoção são estimulados por um crescimento da oferta sem precedentes na indústria automobilística, que incorporam centenas de novos veículos ao espaço metropolitano diariamente.

O crescimento desordenado das habitações irregulares e precárias, alimentado por um êxodo persistente das regiões menos favorecidas do país nos últimos quarenta anos acentuam a complexidade dos diagnósticos necessários.

A pior atitude no momento é a da introspecção descompromissada. Tão importante quanto opinar e participar de decisões abrangentes num contexto de variáveis tão complexas é a decisão de combater a violência das ruas contaminadas pela ambição indiferente.

É preciso ceder um espaço na via para quem atravessa, um banco confortável para um carona, um tempo de descanso para a cidade que não para.

A alternativa possível não está em nossas mãos. O caos do presente ruma para o extremo inevitável: o espaço finito em transbordamento paralisante.

Ainda é possível evitar. Façamos a nossa parte.

A FORÇA DO POVO