03 junho 2009

DEMOCRACIA E ATITUDES

A experiência democrática dos últimos vinte e cinco anos retrata as enormes dificuldades da complexa formação da nova sociedade brasileira.

Na tentativa de explorar as melhores oportunidades em um regime de liberdades garantidas, os políticos e todo o aparato que sustenta as instituições de governo e representação, se auto preservaram, estipulando mecanismos novos ou mantendo os antigos conforme a conveniência.

Partidos foram fundados, re-fundados e multiplicados sob o manto do livre direito de associação e organização, porém descolados de qualquer vínculo ideológico, fragilizando a opção do eleitorado por esta ou aquela linha de governo.

Privilégios formatados no período autoritário perenizam a sensação de castas nas casas legislativas pelo país, como votos secretos, apropriação de verbas sem destinação ao interesse público, proteção jurídica extrapolando a condição necessária ao exercício do mandato, entre outras aberrações que afastam os eleitos do cidadão comum.

O desprezo pela ética acontece às vistas de uma eclética rede de meios de comunicação, que transita entre a palatabilidade das notícias, a repetição banalizadora, ou às vezes, o denuncismo intencionalmente elaborado para favorecer grupos, com aparente imparcialidade.

A desrespeitada "opinião pública" não constrange os que querem consumir recursos públicos em obras desencessárias, viagens improdutivas e distribuição familiar de cargos e salários.

A lógica eleitoral impede a construção de uma reforma política consistente, que aponte para uma elevação qualitativa do processo político-partidário no país. Adia a visão de uma democracia forte, em que despontem os verdadeiros estadistas, a serviço de um futuro mais longo que a próxima eleição.

Passada a euforia dos movimentos sindicais e populares da década de 80, pós regime autoritário, restam poucas organizações sociais de porte, enquanto se diversificam manifestações de grupos específicos, sem capacidade de influenciar mudanças significativas na realidade sócio-política vigente.

A sofisticação das mídias e dos modos de expressão individuais, contrastam com o declínio da sensibilidade social para o combate à fome, à exploração, ao desemprego estrutural, ao baixo nível da educação, saúde e habitação oferecidos à siginificativa parte da população brasileira.

É preciso construir com sentido de urgência, e a partir das pessoas, uma nova esperança criativa e solidária, capaz de modificar as atitudes na perspectiva de uma consciência global, humana e ambientalmente correta.







A FORÇA DO POVO