23 maio 2012

O ESPORTE PREFERIDO

Um dos piores hábitos construídos com o passar dos anos em nosso país é o crescente afastamento de pessoas capazes e bem intencionadas, do exercício da política partidária. Não que os partidos atuais e o modelo de governabilidade negociada sem carimbo ideológico estimule o cidadão comum a participar de qualquer agremiação política.

O problema é que quem abre mão de participar, deixa espaço para outrem, delega suas responsabilidades individuais com a gestão pública àqueles que constroem carreiras apropriando-se do espaço do cidadão, como fazem os guardadores de automóveis (flanelinhas) no espaço urbano das grandes cidades. Se a área não está demarcada, nem ocupada, eles tomam conta. E cobram por isso.

Os políticos, em sua maioria, não se prepararam para essa carreira. São ejetados do povo, das associações de classe, dos meios de comunicação, dos contingentes midiáticos, da vizinhança ativa. Para o bem ou para o mal, saem do convívio familiar, do ambiente regional e das circunstâncias profissionais para se dedicarem a rituais pouco atraentes, a despeito das potencialidades do papel de legislador e da influencia da interlocução institucional.

Um debate sobre a eficácia republicana brasileira, com suas estruturas defasadas e tradições colonialistas fica fora do alcance da política instrumental e imediatista. A manutenção do atual modelo agrada a quem se utiliza dos mecanismos de pressão e compensação para legitimar a obtenção de vantagens, sob a fachada de exercício democrático.

À resignação do tipo “isso não é comigo”, somam-se as generalizações como “os políticos são todos corruptos” ou “eu não vou votar em ninguém”. O resultado é que alguém ocupará os cargos públicos, com maior ou menor representatividade, a depender do modo como a sociedade o escolheu.

O esporte favorito do brasileiro não é o futebol, é a mania incansável e descontraída de criticar os políticos. Como todos sabemos os políticos não são extraterrestres. Eles são pessoas como nós, ocupando os cargos para o qual nós os escolhemos.

Na hora de votar – ou de não votar – pensemos nisso. A eficiência da saúde pública, a qualidade da educação, a segurança e a estabilidade econômica não são apenas partes de um jogo descompromissado, mas as bases para um desenvolvimento sustentável para nós e para as próximas gerações.

06 maio 2012

EMPREENDEDORISMO

A educação é um poderoso instrumento de construção de um futuro melhor para o país, ninguém discorda. Para a tarefa secular de produzir prosperidade no país não podemos prescindir de certas características, que devem ser adotadas pela população que pensa, trabalha e administra esse desenvolvimento.

O empreendedorismo é uma dessas características indispensáveis. Trata-se de criar oportunidades a partir das pessoas, dos bens naturais e da infraestrutura disponível. Requer disponibilidade pessoal, visão e capacidade de inovar. São habilidades que podem ser desenvolvidas, estimuladas na formação curricular, incentivadas pelo Estado.

A destacar a constatação de que quando falamos de empreendedorismo, não nos referimos apenas àquela ação originada na iniciativa privada, que move as empresas e os empreendedores individuais.

O empreendedorismo é útil e necessário em todos os setores e atividades da sociedade. A atitude empreendedora mobiliza pessoas e recursos na gestão pública, no terceiro setor, nos mais variados segmentos.

Exemplos disso emergem nas mais distantes comunidades, sem quaisquer combinações entre elas. Prefeituras que promovem os produtos característicos dos municípios, diretores de escolas que apresentam trabalhos diferenciados em suas escolas com os mesmos recursos das demais, entre tantos outros exemplos que tomamos conhecimento frequentemente.

São agentes de transformação, que empenham energia e criatividade para oferecer a sociedade produtos de maior valor agregado e serviços públicos de melhor qualidade.

O empreendedorismo não combina com mesquinhez, com apego a ideias preconcebidas, com isolamento da comunidade global, com vantagens obtidas através de custos para a coletividade. Ética, solidariedade e respeito à diversidade enriquecem a cultura empreendedora e semeiam melhores condições para a prosperidade.

Há amplo espaço para que o empreendedorismo se desenvolva. Somos um país rico em recursos naturais, privilegiado em sua complexa multiplicidade de raças, e repleto de carências, cujos impactos afetam as mais primárias condições de sobrevivência em algumas regiões.

Temos problemas abrangentes nas áreas da saúde, educação infantil, segurança, infraestrutura, habitacional, agrícola, e muitos outros. Em todos eles, pessoas, entidades não governamentais e lideranças políticas já deram exemplos de que é possível inovar, transformar, construir novas realidades.

O desafio é disseminar essas experiências, fomentando na sociedade o valor das lideranças individuais colocadas a serviço dos resultados coletivos.

A FORÇA DO POVO