28 outubro 2007

MUNDO CORPORATIVO


O mundo corporativo é uma criação da sociedade moderna.

Externo ao mundo real, o mundo corporativo tem leis próprias que não são escritas, valores que não estão explícitos, lugares que não se conhece.

No mundo corporativo as pessoas estão expostas a reações surpreendentes, a ilações desconectadas com a realidade dos fatos, a emoções atípicas para despojamentos raros.

Bondades são obscurecidas pelas entranhas burocráticas, crueldades são revestidas de “razões estratégicas”, relacionamentos são instrumentalizados para ambições mesquinhas.

Adultos carecem de maturidade na convivência com superiores, que se embriagam na acidez de solitárias decisões.

Concepções e princípios são superados pela ansiedade monetária e pela imediaticidade das quantidades.

Integridade e humanidade padecem sob a rigidez das prioridades e sob o império da impessoalidade.

Sobreviver no mundo corporativo requer força pessoal abundante, que se exprime na liberdade de pensar, na iniciativa de fazer e na nobreza de transigir.

São fortes os que deixam prevalecer sua condição humana, desafiando a sedução dos aplausos e manipulações das aparências.

E constroem para si e para os que os rodeiam uma nova atmosfera de convivência ética que por si só inspira resultados sustentáveis.

A possibilidade da existência no mundo real e no mundo corporativo, abolindo os papéis superficiais e revelando a personalidade íntegra, é um caminho para o fim das esquizofrenias contemporâneas, que transformam os ambientes de trabalho em pesados fardos.

Então esse mundo paralelo estará superado por uma realidade promissora em que ética, humanidade e desenvolvimento econômico prosperarão unidos.

08 outubro 2007

PRÁTICAS E ANTÍDOTOS

Multiplicam-se as denúncias das revistas semanais sobre as irregularidades cometidas pelos personagens mais influentes da cena política do país.

Na obsessão desmedida pelo poder, a ética e a responsabilidade social são despudoradamente relegadas a segundo plano, dando vez ao exercício da vingança pessoal, do loteamento partidário dos cargos públicos, da utilização privilegiada da máquina estatal, da negação da honradez republicana.

A prática corrente da distribuição de funções de confiança em troca de posicionamento favorável nas votações legislativas desvirtua as atribuições do Congresso, e instala um mercado sombrio de decisões institucionais alheias à sociedade.

O péssimo hábito de se minimizar os crimes de natureza eleitoral sob o pretexto da subjetividade da atividade política desacreditam as agremiações e seus representantes, desestimulando o exercício dos direitos democráticos.

Não deixa de ser emblemático que dois políticos acima das suspeitas convencionais tenham sido afastados por seus pares da Comissão de Constituição e Justiça quando realizavam sua tarefa com dedicação inarredável ao caminho da verdade e da legalidade, independentemente das opções partidárias.

O episódio estampa as práticas vergonhosas - exceções à parte - que corroem o sistema político vigente transformando-o numa feira de negócios inescrupulosos e descompromissados com os interesses da população.

Rompendo o ciclo de percepções negativas, decisão recente do Supremo Tribunal Federal consolidando a fidelidade partidária aponta na direção de um melhor aproveitamento do voto do eleitor.

Longe de significar o ápice das expectativas de uma ampla reforma política, é uma notícia promissora, levando-se em conta os costumes locais, em que a ideologia partidária desaparece diante dos interesses pessoais e corporativos.

O voto é instrumento democrático importante, mas precisa ser acompanhado de significativa transformação das relações sociais, em que os valores humanos permanentes se sobreponham ao lucro fácil, às vantagens imediatas, aos comportamentos que alimentam as desigualdades.

O antídoto para tamanho desperdício institucional é o senso de responsabilidade social que deve haver em cada um de nós, no exemplo das atitudes cotidianas, na formação das novas gerações, no compromisso com a comunidade, com o país e com o meio ambiente.

A FORÇA DO POVO