26 dezembro 2007

ENTUSIASMO OPOSICIONISTA

A derrota do governo no senado, que resultou na impossibilidade de renovar a vigência da CPMF, foi o grande assunto nacional das últimas semanas.

O episódio revelou enorme fragilidade do governo, quando se trata de obter aprovação dos parlamentares para ações de governo consideradas imprescindíveis para o sucesso das suas políticas.

É positiva a constatação de que os poderes exercem de forma equilibrada suas atribuições, eliminando a hipótese de que os governantes imponham suas decisões sem contraditório.

Entretanto, a percepção legítima da sociedade é que o governo foi derrotado para que tenha dificuldades em obter recursos para operar os seus programas, com o objetivo de desgastá-lo politicamente.

O modus operandi da ação oposicionista, contando com o poder de articulação e convencimento do Ex-presidente de República, acompanhado de declarações excessivamente entusiasmadas após o resultado da votação, auto-denunciaram a falta de rigor técnico e interesse público ali empregados.

A manutenção ou não da CPMF – um imposto de fácil cobrança, de massa tributária abrangente e de difícil sonegação – deveria ser discutida em paralelo a construção de um novo modelo tributário, que desonerasse produção e emprego, e tivesse a ousadia de descomplicar o arcabouço normativo do modelo atual.

Explicações desencontradas dos líderes governistas ora apontam conseqüências catastróficas da repentina diminuição de recursos, como corte de investimentos, veto aos aumentos de salário do funcionalismo e aumento dos juros para captação de reais pelo tesouro, ora minimizam os efeitos, desqualificando as comemorações dos adversários.

Natural que o governo apresse-se em acalmar os mercados investidores, desprezando qualquer sugestão de vulnerabilidade das contas públicas, procurando manter os elevados níveis de confiança internacional que foram construídos nos últimos anos.

Além disso, os bilhões não arrecadados futuramente, de alguma forma estarão em grande parte, disponíveis para o consumo, gerando novos empregos e impostos.

A lamentar, a constatação de que as contendas partidárias e os interesses particulares ditam o rumo das decisões mais importantes do país, e que a representação parlamentar da sociedade careça de atitude comprometida com o presente e o futuro do país.

A FORÇA DO POVO