25 novembro 2006

A OBESIDADE, A ANOREXIA E A FOME

Um desafio moderno para os médicos e nutricionistas é a crescente incidência da obesidade a partir das crianças e jovens, que se vêem bombardeados pelas campanhas publicitárias de produtos de alta taxa calórica e pouca riqueza nutritiva.

A vida urbana atual afasta os adolescentes das praças e práticas esportivas, e quando alguma atividade física faz parte de sua rotina, vem acompanhada de tensões por carga excessiva de tarefas, planejadas pela família para ocupação total do tempo criativo.

A acomodação dos jovens aos rituais modernos trazidos pelas novas tecnologias de comunicação e informática aumenta as dificuldades para o desenvolvimento de uma boa saúde física e tende a provocar o aparecimento precoce de doenças originárias da obesidade e do sedentarismo.

Na contramão dessa situação, e não menos preocupante, é o vício da não alimentação, o culto à magreza – que fora futilmente associada a padrão de beleza – e cujo efeito à saúde evolui da anorexia para a morte, quando não tratada de forma adequada.

O estereótipo da beleza comercialmente explorada é alvo fácil para personalidades juvenis em formação numa sociedade em que a educação formal pouco prepara os alunos para a vida real, e em que a família tem perdido influência para outros interesses mais sedutores, prevalecendo o narcisismo como caminho para o reconhecimento social.

Proliferam largamente os negócios e profissões associados ao aperfeiçoamento da aparência física, numa demonstração da importância da vaidade pessoal como valor socialmente aceito. A estética se estabelece entre nós como prioridade individual para a inserção nos grupos sociais.

Paradoxalmente, a fome ainda é uma realidade para milhões de brasileiros. Programas sociais em contínua expansão procuram alcançar os mais diversos rincões buscando minimizar o impacto da miséria histórica e das permanentes crises das economias locais do interior do país.

São necessárias medidas de emergência acompanhadas de projetos estruturantes, que libertem essas populações da dependência contínua, e as situem em novos padrões de dignidade.


Estão expostas as marcas de uma sociedade imediatista, que ainda precisa de muito esforço para a construção de novos paradigmas de convivência.


A obesidade, a anorexia e a fome são três faces exemplares de um país que ainda não encontrou modelos sólidos para a formação das novas gerações. A transformação dessa realidade depende de atitudes novas, engajadas e responsáveis de todos.

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