06 fevereiro 2007

EXTRAVAGÂNCIAS

O período de férias de verão é momento apropriado para a instalação de debates nacionais de baixa popularidade se levados adiante em períodos de excesso de noticiário.

Nesse contexto, ressurge a reflexão sobre os altos vencimentos dos membros dos poderes Legislativo e Judiciário, aos quais confiamos o exercício de algumas das mais nobres tarefas de justiça e gestão do bem público para a convivência equilibrada de toda a sociedade.

Para além dos números extravagantes que distinguem os seus salários – quando comparados a renda média dos brasileiros – o que se expõe ao juízo do cidadão comum é a eficácia do recurso alocado para essas funções, a credibilidade requerida para o exercício de cargos de tamanha envergadura, a probidade e a ética de tão privilegiados cidadãos.

A visível indiferença semeada de insensatez percebida nas respostas aos questionamentos de uma população envolvida com a busca de trabalho e sobrevivência digna, repercute como desalento generalizado que se traduz em desinteresse crescente pela atitude cidadã.

Inimaginável supor que esse descolamento da penosa realidade que atinge a maioria dos cidadãos do país possa contribuir para a eficiência do regramento social, para a eficácia do ordenamento jurídico, para o aprimoramento do regime democrático, para a operatividade do sistema representativo.

Quando enfrentam-se em tão estapafúrdias contendas, sobre o protagonismo do maior dos vencimentos, legislativo e judiciário só fazem multiplicar a desconfiança da sociedade quanto a capacidade dos poderes em estabelecer a ordem e promover a prosperidade.

O engajamento dos poderes no desenvolvimento de uma nação que aperfeiçoa sua democracia, deve partir da sua própria relação com seu papel institucional e com os desafios que lhe são outorgados.

Dos que defendem a liberdade e o direito, dos que se utilizam das possibilidades de escolha e de associação política, esperam-se atitudes edificantes, que venham contribuir para a disseminação do exercício da cidadania.

Que não tenhamos que lamentar no futuro, o tempo e a energia que foram consumidos para atender interesses particulares de doutores e parlamentares, aos quais é destinada a importante missão de inspirar prosperidade e justiça.

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