06 abril 2011

LIÇÕES JAPONESAS


A recente catástrofe do tsunami no Japão foi exposta nos meios de comunicação à exaustão, por um enorme repertório de meios digitais e eletrônicos utilizados pelas mídias interessadas comercialmente.

As imagens chocantes e os ângulos extraordinários transformam em espetáculo do horário nobre, o drama de milhares de orientais em sua escalada diante de adversidades raramente dimensionadas.

Mais forte do que o visual “spilbergiano” de muitas cenas, é o conteúdo humano das atitudes percebidas no momento da dor e da compaixão, da angustia e da tênue linha da sobrevivência, da solidariedade indispensável e da sensatez inesperada.

A solidez dos valores da sociedade milenar japonesa atua de modo discreto, mas reforça a impressão de que a aparente ocidentalização que mudou a ilha nos anos 80 é uma concessão secundária que permitiu a inserção do país no mercado global, longe de alterar seus costumes e regramentos essenciais.

Diferentes idades, gêneros, origens de classe, não estabelecem diferenças na compreensão fundamental de que o país, a nação, a comunidade estão acima dos interesses individuais, egoístas, personalizados.

O heroísmo protagonizado por homens e mulheres para salvar vidas, sem perder a dignidade e a compostura, diante de tremores de terra intermitentes desafiam a contumaz intolerância a riscos, e a impaciência com os necessitados e menos afortunados, tão presentes no nosso cotidiano.

Quando todos os debates decorrentes desses eventos rumam com certa prudência para questões ambientais, é preciso apreciar as lições históricas que podem ser extraídas desse episódio, em suas dimensões culturais, antropológicas, humanas.

Um país de extensão restrita, estrutura geológica desfavorável, devastado por guerras e tsunamis, resiste a tudo com uma bravura temperada pela guarda da honra, do respeito e da esperança no futuro.

Que as águas do mar revolto lavem as feridas que acometem nossa sociedade, não causada pela força das intempéries, mas pela banalização do consumismo pueril, fonte de ambições desmedidas e indiferenças fatais.
(Debatam comigo pelo e-mail fialhodefialho@uol.com.br)


Um comentário:

  1. Anônimo4:15 PM

    Adorei o que você escreveu Cacá.
    Os japinhas nos ensinam um monte.
    bjos
    Gabi de Paula

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