08 outubro 2007

PRÁTICAS E ANTÍDOTOS

Multiplicam-se as denúncias das revistas semanais sobre as irregularidades cometidas pelos personagens mais influentes da cena política do país.

Na obsessão desmedida pelo poder, a ética e a responsabilidade social são despudoradamente relegadas a segundo plano, dando vez ao exercício da vingança pessoal, do loteamento partidário dos cargos públicos, da utilização privilegiada da máquina estatal, da negação da honradez republicana.

A prática corrente da distribuição de funções de confiança em troca de posicionamento favorável nas votações legislativas desvirtua as atribuições do Congresso, e instala um mercado sombrio de decisões institucionais alheias à sociedade.

O péssimo hábito de se minimizar os crimes de natureza eleitoral sob o pretexto da subjetividade da atividade política desacreditam as agremiações e seus representantes, desestimulando o exercício dos direitos democráticos.

Não deixa de ser emblemático que dois políticos acima das suspeitas convencionais tenham sido afastados por seus pares da Comissão de Constituição e Justiça quando realizavam sua tarefa com dedicação inarredável ao caminho da verdade e da legalidade, independentemente das opções partidárias.

O episódio estampa as práticas vergonhosas - exceções à parte - que corroem o sistema político vigente transformando-o numa feira de negócios inescrupulosos e descompromissados com os interesses da população.

Rompendo o ciclo de percepções negativas, decisão recente do Supremo Tribunal Federal consolidando a fidelidade partidária aponta na direção de um melhor aproveitamento do voto do eleitor.

Longe de significar o ápice das expectativas de uma ampla reforma política, é uma notícia promissora, levando-se em conta os costumes locais, em que a ideologia partidária desaparece diante dos interesses pessoais e corporativos.

O voto é instrumento democrático importante, mas precisa ser acompanhado de significativa transformação das relações sociais, em que os valores humanos permanentes se sobreponham ao lucro fácil, às vantagens imediatas, aos comportamentos que alimentam as desigualdades.

O antídoto para tamanho desperdício institucional é o senso de responsabilidade social que deve haver em cada um de nós, no exemplo das atitudes cotidianas, na formação das novas gerações, no compromisso com a comunidade, com o país e com o meio ambiente.

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